terça-feira, 30 de novembro de 2010

Conclusões

(Marcelo Alt.)

Com esse seu veredito,
fazes piada ao que acredito.

Hilariante você ser aquele pensante,
enquanto eu, um mero ser titubeante.

Esse meu ameaçado equilíbrio,
jamais seduzido por esse seu colírio.

Indignação me faz menos sorridente,
mas, sorrisos por sorrisos... os seus já são suficientes.

terça-feira, 20 de julho de 2010

O Deus Mente

(Marcelo Altyh)

Abertos os olhos, se tornam aquilo que não eram.
Fechados, vagueiam voluntariamente.

Mente, mas é de repente.
Acredites ao dizente ou não.

Aquela certa tarde da qual não recordo bem,
Marcada daquelas cores.

O mesmo vento,
Rodopia feito pião sem necessidade de lançamento.

A cicatriz do papel o torna imortal.
Idéias habilmente retiradas do subconsciente.

Tamanho se mostra, a ponto de não mais retornar.
Retornar a quê?

Uma vez deixada a carverna,
A ti não mais pertence.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Navegar é Preciso

(Fernando Pessoa)

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".
Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

(Fernando Pessoa)

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Caminhada

(Marcelo Altyh)

Em meio à madrugada os deixo em casa,
impedimento momentaneo do desejo de ti,
jamais me negariam sua existencia,
Genialidade os impede de errar.

Sábios aqueles que encontram explicação,
Loucos os que preferem não se aproximar dela.

Instante mínimo trará sua maturidade.
Enquanto continuo a escalar-te, vigorosamente,
Já que teu toque me devolverá as cores das quais preciso.

Na pintura de nossa história existem sim partes escuras,
Apenas acabaram por refletir o brillho de teu sorriso.

Mesmo que os espinhos pareçam-me intransponíveis,
o perfume que por entre eles escorre, alimenta-me.

Perdida por entre linhas encontra-se a ordem,
Porém sua insanidade a contêm.

Intacta.
Nunca foi ou será perturbada.

Conselhos seriam um vício a romper.
Enumere-os e verá que são maiores que as próprias indagações.

Sombras se esgueiram por entre meus dedos.
Imortal a chama que clareia a parede dos sonhos.

Desfazer-me de tal abrigo seria uma catástrofe.
Enquanto aqui dentro ainda posso acreditar em mapas.


(MarceloAndrade, o Altyh)